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A política e o pecado da idolatria


 Um dos eventos mais impressionantes da história do mundo é a abertura do Mar Vermelho. Em toda sua angustia, o povo de Israel tinha a frente um grande mar, atrás de si, o exercito mais poderoso da terra, estavam totalmente cercados e não é de se estranhar que a maioria do povo entrasse em desespero, chegando até mesmo a murmurar contra Aquele que, a pouco tempo atrás tinha, os livrado das mãos de seus algozes. 
 Mas o grande Eu Sou O Que Sou é mestre em transformar paredes em portas, Ele é especialista em criar libertação onde os extremos do homem nada podem fazer e o grande mar transformou-se em caminho para Israel, e sepultura para aqueles que os perseguiam. O povo em jubilo ofereceu danças e louvores mediante a tamanho livramento, mas logo a frente em sua jornada foram provados com a demora de Moisés e caíram em idolatria, o mesmo pecado que condenou a nação que acabaram de ver sucumbir.
 A verdade é que logo nas primeiras gerações após a queda o homem perverteu o culto a Deus, Caim e sua descendência acreditavam que tinham melhores ideia de como Deus deveria ser adorado, e o que começou pequeno como um grão de mostarda cresceu e se espalhou por todo o mundo. Nações se afastarão totalmente da tradição Adâmica, de maneira que a idolatria se tornou algo que acompanha a história desse mundo. 
 Em nossos dias temos o costume de associar idolatria apenas as imagens e esculturas, mas ela se tornou muito mais imperceptível, de maneira que muitos professos seguidores de Cristo caem em suas amarras. 
 A questão central do Grande Conflito sempre foi a adoração. No céu Lúcifer queria ser adorado no lugar do Filho de Deus, enganou um terço dos anjos por causa disso, enganou Adão e Eva e continua enganando a humanidade, principalmente agora, "(...) Ele está cheio de fúria, sabendo que pouco tempo lhe resta" - Apocalipse 12:12
 Grandes são as artimanhas utilizadas pelo inimigo de nossas almas para nos tirar o foco do céu: problemas em excessos, vícios de qualquer espécie, uniões mal planejadas e até mesmo familiares.  Porém, não existe tentação universal, cada tentação tem endereço certo, de maneira que Satanás se utiliza daquilo que você mais ama. O palco dessa guerra é a nossa mente, de maneira que não há como ficar encima do muro, ou você adora a Deus, ou adora a Besta. 
 Deus exige o primeiro lugar em nosso coração, só que em muitos casos esse lugar já é ocupado por um ídolo. Não é necessário uma imagem ou uma intenção de adoração, tudo aquilo que toma o lugar de Deus, mesmo que inconscientemente, se torna um ídolo. Deus quer o nosso amor, nossa confiança e a nossa entrega, se amamos, confiamos ou nos entregamos a algo ou alguém antes de Deus, esse se torna o nosso ídolo.
 Atualmente estamos ultrapassando uma intensa fase politica, vemos diferentes posicionamentos que são defendidos com unhas e dentes. Um lado não se comunica mais com o outro de maneira que muros estão sendo criados e preconceitos plantados. Se já não fosse escandaloso o suficiente, as igrejas também tem se contaminado com esse meio, de modo que púlpitos criados para proclamar a morte e a ressurreição de Cristo, bem como sua breve volta a esse mundo, se transformaram em palanques políticos. 
 Abandonaram a mensagem, mancharam o altar e transformaram a caminhada rumo ao céu em comercio. Usam sua influencia com os fieis para fazer promoção pessoal e entram no meio politico votando barbaridades "em nome de Deus". Idolatram homens de carne e osso, colocando neles a esperança de um futuro melhor mas esquecem que o mundo "(...) jaz sob o maligno" - 1 João 5:19
 Os tempos mudam, mas os pecados da humanidade permanecem os mesmos: antes idolatravam faraós e grandes reis, hoje idolatram políticos e partidos. Mas esquecem que "ai dos que descem ao Egito a buscar socorro, e se estribam em cavalos, e têm confiança em carros, por serem muitos, e nos cavaleiros, por serem muito fortes; e não atentam para o Santo de Israel, e não buscam ao SENHOR" - Isaías 31:1. "(...) maldito é o homem que confia no homem (...) - Jeremias 17:5, e mais maldito ainda aquele que o transforma em seu objeto de culto. 
 É tempo de retornar, que cada um faça uma avaliação pessoal e retire do seu coração tudo aquilo que ocupa o lugar de Deus, pois "A nossa pátria está nos céus, donde também aguardamos um Salvador, o Senhor Jesus Cristo" - Filipenses 3:20.

O imperdoável pecado contra o Espírito Santo


"Por esse motivo eu lhes digo: Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito Santo não será perdoada. Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas a quem falar contra o Espírito Santo não será perdoado, nem nessa era nem na que há de vir" - MT 12: 31 e 32

 No livro de Mateus, encontramos uma afirmação de Jesus sobre um único pecado imperdoável. Ao contemplarmos a história da redenção, desde a queda do homem até as maravilhosas promessas do retorno de nosso Salvador, é difícil imaginar que possa existir algo que a Longaminidade de Deus não possa perdoar. Desde o começo, o ser humano caído não precisou fazer esforços para se achegar a Deus, pois, ainda no Éden, quando Adão entregou o controle desse mundo ao Inimigo de nossas almas, nosso amado Pai foi a seu encontro, pronto a oferecer Sua Graça Redentora. E assim tem sido desde então. 
 Deus perdoou nossos primeiros pais, perdoou o primeiro homicida, perdoou a falta de confiança de Abraão, perdoou os irmãos de José, perdoou a murmuração e falta de confiança dos israelitas no deserto, perdoou o pecado de Moisés, perdoou a concupiscência carnal de Sansão e o adultério de Davi. Até mesmo o maligno Manassés, que fez tudo do qual o Senhor reprova, foi alcançado pela Graça. E até mesmo nós, em todos nossos maus caminhos, fomos perdoados pelo Pai. Se até mesmo falar contra o Filho do homem, Aquele que nos garantiu a Graça através de Seu próprio sangue, pode ser perdoado, o que seria o tão grave pecado contra o Espírito Santo?
 No centro dessa questão temos dois aspectos importantes a ser analisados que irão nos levar a uma conclusão lógica e irrefutável: a consciência humana e o livre arbítrio. Quando Jesus retornou aos céus, prometeu nos enviar o Consolador, Aquele que convenceria o mundo "do pecado, da justiça e do juízo". O papel do Espírito Santo é falar a nossa consciência, para nos convencer e converter de nossos maus caminhos. É o Espírito que age em todo ser humano, até mesmo naqueles que não percebem Sua influencia. 
 Ao escolhermos uma direção errada, o Espírito fala a nossa consciência, relembrando versículos e mensagens que nos advertem de nossa escolha. Ele fala a todos, até mesmo aqueles que nunca leram a Biblia. É a voz que nos adverte na consciência, que nos previne, para que não venhamos a pecar. 
 Junto a consciência, o ser humano também tem o livre arbítrio, que lhe dá a liberdade de escolher o caminho que deseja seguir. É ele que, após a advertência contra o pecado feita pelo Espírito, nos possibilita escolher o caminho certo. Porém, da mesma forma que o livre arbítrio nos deixa livre para escolher o bom caminho, somos igualmente livres para continuar em nossos maus caminhos, mesmo após a advertência do pecado. 
 Quem escolhe ouvir as advertência do Espírito, continua sensível a Sua voz, da mesma maneira, aqueles que decidem não ouvir, acabam, com o passar do tempo, perdendo a sensibilidade, de maneira que suas escolhas os colocam distantes da atuação do Espírito. Contudo, Seu papel não é apenas convencer do pecado, Ele também nos adverte acerca da Justiça e do Juízo. Negando as advertências do pecado, também se nega as advertências da Justiça e do Juízo.
 A conclusão lógica é que o pecado é imperdoável não porque Deus não deseja perdoa-lo, mas sim porque o pecador se coloca, através de seu livre arbítrio, longe do perdão. O Espírito Santo nunca se cansa de falar aos pecadores, Ele deseja insistentemente trabalhar em nossos corações, para que possamos reconhecer a Cristo como nosso Senhor e Salvador, aceitando Seu maravilhoso sacrifício por nós, para que, naquele maravilhoso dia, possamos estar todos com o Senhor nas nuvens do céu.

Viajando pelo caminho estreito



Mas aquele que perserverar até o fim, esse será salvo - MT 24:13
 "Enquanto estive em Battle Creek, Michigan, em agosto de 1868, sonhei que estava com uma grande multidão. Parte daquela assembléia mostrava-se preparada para viajar. Tínhamos carroças abarrotadas. Caminhando nós, a estrada parecia subir. De um lado havia um profundo precipício; e do outro, uma muralha alta, lisa e branca, como paredes com acabamento em gesso.
 À medida que avançávamos, a estrada se tornava mais estreita e íngreme. Nalguns lugares parecia tão estreita que concluímos não mais poder viajar com as carroças carregadas. Desatrelamos os animais para, com parte da bagagem, prosseguir a viagem a cavalo. Prosseguindo nós, o caminho continuava ainda a estreitar-se. Fomos obrigados a andar junto à muralha para não cair do caminho estreito ao precipício. Fazendo isso, a bagagem sobre os cavalos apertava-se contra a parede e nos fazia pender sobre o precipício. Receávamos cair e ser despedaçados nas rochas. Retiramos a bagagem de sobre os cavalos e ela tombou no precipício. Continuamos a cavalo, receando grandemente que, ao chegar aos lugares mais estreitos do caminho, perdêssemos o equilíbrio e caíssemos. Em tais ocasiões, uma mão parecia tomar as rédeas e guiar-nos pelo perigoso caminho.
Tornando-se o caminho mais estreito, vimos que não mais seria possível ir com segurança a cavalo; deixamo-los e prosseguimos a pé, em fila, um seguindo as pegadas do outro. Neste ponto apareceram pequenas cordas que caíam do alto da alvíssima muralha; estas foram avidamente agarradas por nós para nos ajudarem a manter o equilíbrio no caminho.
 Enquanto caminhávamos, a corda prosseguia conosco. O caminho se tornou finalmente tão estreito que concluímos poder viajar com maior segurança sem calçados; assim, nós os tiramos dos pés e continuamos certa distância sem eles. Logo decidimos que poderíamos viajar com mais segurança sem meias; estas foram removidas e continuamos a viajar descalços.
 Pensamos então naqueles que não se haviam acostumado com privações e dificuldades. Onde estavam eles agora? Não se achavam na multidão. Em cada mudança que se fazia, alguns eram deixados atrás, e apenas permaneciam aqueles que se haviam acostumado a suportar dificuldades. As privações do caminho apenas faziam com que estes se tornassem mais ávidos de avançar até ao fim.
 Nosso perigo de cair do caminho aumentou. Encostávamos junto à muralha branca, mas não podíamos firmar totalmente os pés no caminho, pois ele era estreito demais. Apoiamos então quase todo o nosso peso nas cordas, exclamando: "Temos apoio de cima! Temos apoio de cima!" As mesmas palavras foram proferidas pela multidão toda, no caminho estreito. Estremecíamos ao ouvir o rumor de divertimento e orgia que pareciam vir do abismo. Ouvimos o juramento profano, o gracejo banal e cânticos baixos e vis. Ouvi o cântico de guerra e a música de dança. Ouvi música instrumental e altas gargalhadas misturadas com maldições, gritos de angústia e pranto amargurado, e ficamos mais preocupados do que nunca em nos conservar no caminho estreito e difícil. Grande parte do tempo éramos obrigados a ficar com todo o nosso peso suspenso nas cordas, que aumentavam de tamanho enquanto prosseguíamos.
 Notei que a bela parede branca estava manchada de sangue. Dava um sentimento de pena ver-se a parede assim manchada.
 Este sentimento, porém, não durou senão um momento, pois logo achei que tudo era como deveria ser. Os que vêm seguindo atrás saberão que, antes deles, outros passaram pelo caminho estreito e difícil, e concluirão que, se outros foram capazes de seguir avante, eles poderão fazer o mesmo. E, ao sangrarem seus pés doloridos, não desfalecerão de desânimo; antes, vendo o sangue na parede, saberão que outros suportaram a mesma dor.
 Chegamos finalmente a um grande abismo, onde terminava o nosso caminho. Nada havia agora para nos guiar os pés, nada em que pudéssemos repousar. Devíamos então depender inteiramente das cordas, que tinham aumentado até ao tamanho de nosso corpo. Ali estivemos por algum tempo imersos em perplexidade e angústia. Indagamos em tímido cochicho: "Em que estará presa a corda?" Meu esposo estava precisamente diante de mim. Grandes gotas de suor caíam-lhe da fronte, as veias de seu pescoço e têmporas haviam crescido tanto que atingiam duas vezes seu volume normal, e gemidos abafados e agonizantes vinham de seus lábios. O suor escorria-me pelo rosto, e eu experimentava uma angústia tal como ainda não havia provado. Terrível luta estava diante de nós. Fracassássemos ali, e todas as dificuldades de nossa jornada teriam sido em vão.
 Diante de nós, do outro lado do abismo, havia um belo campo de relva verde, de aproximadamente quinze centímetros de altura. Eu não podia ver o Sol; mas raios de luz, brilhantes e suaves, assemelhando-se ao ouro e à prata fina, incidiam sobre o campo. Coisa alguma que eu houvesse visto sobre a Terra poderia comparar-se em beleza e glória com aquele campo. Mas nos seria possível alcançá-lo? - essa era a ansiosa indagação. Se a corda se partisse, haveríamos de perecer. Outra vez em angustioso cochicho, foram sussurradas as palavras: "Em que estará presa a corda?"
 Por alguns momentos hesitamos em nos arriscar. Então exclamamos: "Nossa única esperança está em confiar inteiramente na corda. Dela temos dependido em todo o caminho difícil. Ela não falhará agora." Ainda estávamos hesitantes e angustiados. Foram então proferidas estas palavras: "Deus segura a corda. Não devemos temer." Estas palavras foram então repetidas por aqueles que estavam atrás de nós, e acompanhadas destas outras: "Ele não nos faltará agora. Trouxe-nos até aqui em segurança."
Meu marido deu então um salto por sobre o assustador abismo ao belo campo além. Eu segui imediatamente. Oh, que sensação de alívio e gratidão a Deus experimentamos! Ouvi levantarem-se vozes em louvor triunfal a Deus. Eu era feliz, perfeitamente feliz.
 Despertei, e vi que, pela ansiedade que experimentara ao passar pelo caminho difícil, todos os meus nervos pareciam estar a tremer. Esse sonho não necessita de comentário. Produziu-me uma impressão tal que provavelmente cada minúcia permanecerá vívida diante de mim enquanto minha memória perdurar." - Ellen White, Vida e Ensinos pág. 179-184

E Ele amou-os até o fim


"Ora, antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim" - João 13:1

 Faltavam-se poucos momentos para que Jesus fosse entregue nas mãos de seus perseguidores. O peso dos pecados de toda a humanidade logo seria colocado sobre Seus ombros, o perfeito Filho de Deus, mesmo sem pecado, sentiria o terrível peso da separação do Pai. Aqueles para quem Ele veio, o negaria, trairiam, torturariam, açoitariam e crucificariam. A dor que se aproximava era inimaginável e Ele sabia. Porém, não era isso que lhe ocupava os pensamentos. 
 Existia em Seu coração amoroso uma dor ainda mais forte que as dores físicas que brevemente seriam sentidas. Essa dor contínua era sentida a séculos, desde o momento em que a queda do homem criou o véu do pecado, responsável pela separação entre homens e Deus. O cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo, em profunda dor e agonia, procurou o primeiro homem em seu esconderijo no Éden, Ele deu o primeiro passo em direção ao pecador pois Seu amor é tão infinito que não consegue imaginar a eternidade sem suas amadas criaturas. Porém a transgressão da humanidade teria um preço, a alma pecadora precisava morrer.
 No meio do medo, culpa e incerteza de nossos primeiros pais surgiu a promessa de que um dia seriamos novamente chamados filhos de Deus. Adão e Eva descansaram no Senhor sem obter a concretização da promessa, mas confiantes de que ela se cumpriria mesmo que seus olhos não vissem. Assim também foi com sua descendência, homens e mulheres fiéis que seguiram as palavras do Pai, crendo num Salvador futuro que traria a redenção para toda a humanidade.
 E no tempo determinado Ele veio, o Deus Emanuel trocou as glórias do céu por uma vida simples, veio sujar Seus pés na poeira deste mundo para que um dia o ser humano tivesse novamente a oportunidade de contempla-lo em Sua glória. Trocou a adoração dos anjos pelas zombarias e blasfêmias dos homens ímpios, para que os fiéis fossem justificados pelo Seu Sangue. E, naqueles momentos que antecediam o calvário, Seus pensamentos estavam em todos aqueles pelos quais o Seu sacrifício levaria de volta aos braços de amor do Deus Triuno.
 Não foi o ser humano indigno que precisou ir até o céu para pedir perdão, foi Deus que desceu até o abismo e tomou nossa sentença sobre Si, para que o perdão se tornasse acessível a todos os homens. E tudo por amor. Ele nos amou em toda nossa imundícia, e seguiu nos amando até o fim de sua caminhada nesse mundo. Ele elevou aos céus nos amando, e hoje está no santuário celestial preparando-se para um dia retornar nas nuvens, para buscar aqueles por quem, por amor, derramou Seu Sangue.